terça-feira, 7 de novembro de 2017

 Nossas instalações já estão prontas e esperando seu pedido!!!!
Pós larvas, Juvenil 1 e Juvenil 2. consulte nossos preços!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

As instalações da Grota do taiassuí, ja estão prontas e ja estão produzindo pós-larvas de camarão da amazonia para comercialização, em milheiros, entre em contato com o email tiberiosro e ja faça sua encomenda!
 Tanques de cultivo


Sala de Artemia

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Camarão da amazonia, pesca extrativista, processamento e comercialização atual do camarão regional (M.amazonicun) nas rodovias da grande Belém


Furo da Marinha _ Santa Barbara do Pará-PA, local onde ocorre a feira do camarão (percurso Belem-Mosqueiro)





Canoa chegando com os Matapis, na região a pesca do camarão da amazonia e uma tradição e fonte de renda para muitas familias da região


Dos matapís eles são colocados nestes balaios maiores, antes de serem vendidos para o comerciante, ou mesmo o proprio pescador tem seu ponto de venda



Ponto de venda de camarão da amazonia ( camarão regional)


Após captura nos matapis, os camarões são estocadosvivos em recipientes como este, onde aos poucos vão morrendo antes de serem 'processado'.



Camarões fresco, sem gelo, alguns vivos !


Antes de ir ao fogo e com uma mistura de água+limão+ sal, ficando um tipo de salmoura.




Após a salmoura os camarões temperados são levado ao fogo, como este, muitas vezes improvisado na beira do asfalto.


Logo após uns minutos o camarão já fica vermelho


As vendas continuam, ate qué



Esta pronto!!













Quanto vai fregues? pra você 2 litros por R$10!


COM TECNICAS DE ABATE APROPRIADAS ,LOCAL DE PROCESSAMENTO E ESTOCAGEM ADEQUADO, A QUALIDADE DO PRODUTO SERÁ MELHOR !
















Litro (aproximadamente 200g) vendido a R$ 5,00 a R$ 7,00 nas rodovias da região da grande Belém.



Balança pesando um litro de camarão= 212g de camarão para consumo


Camarão comercializado junto com açai em batedor de açai da grande Belém




















No destaque, o Camarão Da Malasia, que já e capturado com muita frequëncia nos rios na região Nordeste paraense












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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pesca e comercialização do camarão da amazônia na região do Nordeste paraense






Macrobrachium amazonicum e muito comercializado na região nordeste paraense, em especial na ilha do Marajó na região metropolitana de Belem até a região de maior influencia do oceano(Vigia,bragança,etc,...)este pequeno ensaio de fotos, foi feito em julho/2010, a pedido da Drª e pesquisadora Cristina Maciel da UFPA, para a reunião do GTCAD!
este ensaio teve a intensão de demosntrar como é feito a captura, o preparo e a comercialização do amazonicum

Furo das Marinhas, no Municipio de Santa Barbara-PA, local onde se encontra muitos pescadores e onde eles capturam o amazonicum e é proximo da feira do camarão!


Estes são os matapis onde é colocado uma isca (geralmente feita de babaçu) e é capturado os camarões, eles são colocados no final da tarde e recolhidos nbo começo da manhã!



Neste matapi maior, eles vão armazenando os camarões que foram capturados nos matapis!



Camarões recem tirados do matapis e ainda vivos!



amazonicum no detalhe !

terça-feira, 20 de abril de 2010

Cultivo de camarão da amazonia

Grota do Taiassuí
Larvicultura de camarão-da-amazônia
Estrada do Taiassuí, 2772
Benevides – Pará – Amazônia – Brasil
fones 8163-8600 Tibério

emails: grotadotaiassui@uol.com.br
tiberiosro@gmail.com

Introdução

Morfologia e características do Macrobrachium amazonicum

Cultivo do Camarão da Amazônia em tanque de fundo natural

Práticas e técnicas para uma despesca mais homogenia

Bibliografia



Introdução

A empresa GROTA DO TAIASSUI está localizada numa área de 38 hectares no município de Benevides – Pará, à cerca de 30 Km da capital Belém. Sua localização estratégica e topografia privilegiada foram fatores decisivos na escolha do local para instalação do projeto de larvicultura de camarão da Amazônia
Com uma tecnologia inovadora, e o suporte de pesquisadores e instituições de renome internacional, a Grota do Taiassuí é a primeira no mercado de comercialização de pós-larvas e juvenis de Camarão-da-amazônia.
Das espécies de camarão de água doce brasileiras, o Macrobrachium Amazonicum foi escolhido para pesquisas devido à sua excelente aceitação no mercado, fácil manutenção em cativeiro e rápido desenvolvimento (4 meses), haja vista que em pequena área, você consegue uma produtividade muito grande.

O camarão-da-amazônia Macrobrachium amazonicum apresenta grande potencial para aqüicultura (Kutty et al., 2000). É um camarão pequeno, que pode alcançar até 16 cm e 30 g (Valenti et al., 2003). Possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde a Venezuela até o Estado do Paraná.
Habitam as bacias Amazônicas, do Orenoco, do São Francisco, do Paraná, rios do nordeste e centro-oeste (Holthuis, 1952; Davant, 1963; Bialetzki et al., 1997 apud Moraes-Riodades, 2005).

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Assim como o Macrobrachium rosenbergii, o camarão-da-amazônia possui diferentes grupos de machos na população. Esta diferenciação morfotípica pode causar grande variabilidade no tamanho dos animais (Moraes-Riodades & Valenti, 2004). De acordo com Daniels et al. (1995) este é um dos principais problemas para a viabilidade do cultivo de M. rosenbergii. Conforme estes autores, o crescimento desacelerado de parte da população resulta em uma grande porcentagem de animais com baixo peso.
Estes animais apresentam menor valor no mercado consumidor. Como o problema do crescimento heterogêneo atinge o cultivo de M. amazonicum de forma semelhante ao cultivo de M. rosenbergii, os mesmos métodos de controle são utilizados para ambas as espécies.
Assim como o M. rosenbergii, o M. amazonicum possui diferentes morfotipos de machos na população. Os grupos de machos apresentam taxas de crescimento desiguais
e são classificados em “Translucent Claw” (TC), “Cinnamon Claw” (CC), “Green Claw1” (GC1) e “Green Claw 2” (GC2) (Fig).

Dentre as características que os diferencia estão: os quelípodos são translúcidos em TC, cor de canela em CC, verdes e maiores em GC1 e GC2; os dois primeiros morfotipos apresentam poucos espinhos, enquanto os últimos possuem espinhos longos e robustos; GC2 apresenta o comprimento do quelípodo superior à distância pós-orbital e angulação dos espinhos mais aberta, enquanto GC1 apresenta o comprimento do quelípodo inferior à distância pós-orbital e angulação dos espinhos mais fechada (Moraes-Riodades & Valenti, 2004).

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(LOBÁ0 er al., 1986; ODINETZ COLLART, 1991a).


CULTIVO DO CAMARÃO DA AMAZÔNIA EM TANQUE DE FUNDO NATURAL.

Tanques de fundo natural são aqueles escavados na própria terra, geralmente entre 1,0metro a 1,50metros de altura de coluna d’água, pode ser feito tanques de fundo natural de todos os tamanhos, porém , recomenda-se fazer no máximo 30mts X 80mts pois um tanque “estreito” facilita na despesca e duas pessoas conseguem fazer o serviço. Analise do terreno para que seja escolhido um local adequado (próximo de fontes, rios, ou mesmo próximo nascentes ou olho d’água, sempre se deve fazer a analise da água para saber da qualidade, pois ajudara no processo de manutenção e conservação da vida que o tanque vai ter e receber), junto com a analise da água uma analise da do solo para que possa ser feita uma adubação e uma calagem.
Pode-se adubar com adubo químico ou o adubo orgânico (esterco de bovino de preferência), ou as duas, geralmente o tanque fica um mês de pousio antes de ser usado e enche-se de água no máximo 4 dias antes de povoas o tanque , pois existe muitos outros organismo como as larvas de libélulas que podem colonizar o tanque e trazer sérios prejuízos, com os camarões colonizando primeiros este primeiro servira de alimento para os camarões!
Parâmetros e condições adequados para que um tanque de crescimento final tenha um ótimo desempenho com a turbides 15+_6 a transparência de 45 cm mínima,Ph 7,0 / 7,5 á 6,0, oxigênio dissolvido de manhã: 6,10/ 7,1 não,abaixando menos de 2,0 por muito tempo, Amônia de 266 a 38,- nitrito de 26,6 a 4,56,- nitrato de 0,63 a 0,15. (levando em consideração um manejo tradicional e sem despesca ou gradeamento, sendo que com estes recurso pode-se varias e obter-se melhores resultados e parâmetros de controle.
Particas e tecnicas para uma despesca mais homogênia:
O gradeamento dos juvenis antes do povoamento dos viveiros de engorda é indicado para reduzir os efeitos negativos causados pelo crescimento heterogêneo dos camarões (Daniels et al., 1995). Esse manejo separa os juvenis maiores (“uppers”) dos menores (“lowers”) utilizando uma caixa gradeadora com barras laterais ajustáveis (fig). Geralmente, após o período de engorda, a subpopulação “upper” apresenta a estrutura populacional mais desenvolvida que a subpopulação “lower” (Karplus et al., 1986 e 1987; Tidwell et al., 2003; Tidwell et al., 2004). Karplus et al.
(1986 e 1987), observaram que a fração “lower” apresentou mais camarões dominados e mais fêmeas virgens que os camarões “uppers” e os não gradeados. De acordo com Daniels et al. (1995), a relação direta entre a porcentagem de “small males” e o aumento de densidade, normalmente encontrada em populações não gradeadas, não ocorreu com a utilização do gradeamento.

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Despesca seletiva

Indicado para reduzir os efeitos negativos do crescimento heterogêneo ao longo do cultivo, este economicamente mais viável para pequenos e médios produtores, esta tecnica consiste em despescas com redes de arrasto (Fig) para a retirada dos machos dominantes e fêmeas maduras (Valenti & New, 2000; Valenti, 2002). Os animais retirados, embora grandes, possuem reduzida taxa de crescimento e inibem o crescimento dos menores.
Portanto, as despescas seletivas devem alterar a estrutura populacional dentro do viveiro,.

Substratos artificias

O uso de substratos artificiais consiste na ampliação da área do viveiro para possibilitar o aumento do peso médio individual, da densidade de estocagem, diminuir a competição entre os animais e melhorar a conversão alimentar devido ao desenvolvimento de alimento natural na superfície do material adicionado (Tidwell et al., 2000).


Alimentação

Conforme a densidade que for povoado o tanque, pode-se ter um aproveitamento melhor do alimento natural que ira nascer normalmente no tanque, quando este e bem preparado e bem adubado antes do povoamento, e a qualidade da água e sempre monitorada, o ph, a temperatura, o nível de oxigênio, o amônia , nitrito, todos bem monitorados para que não passe os limites adequados de cultivo.
Atualmente utiliza-se as bandejas de ração, que são estruturas onde se coloca a ração a ser servida aos camarões e de 2 a 3 vezes e observada e acrescentada a ração ou não , conforme o consumo dos animais, este aparato traz um melhor aproveitamento da ração e conseqüentemente uma melhor qualidade de água do viveiro que o manejo a lanço!
A conversão alimentar e de 2,0:1, a ração varia conforme o estagio de desenvolvimento dos camarões no tanque em relação a proteína por exemplo de 30, 35 ate 40, uma pequena amostra para saber como esta os camarões sempre e bem vinda(Biometria), assim pode-se saber qual o nível e concentração da ração a ser oferecida terá de proteína podendo variar de 35 a 40% de proteina bruta, usa-se ração peletizada comercial para camarão, encontra-se de diversas marcas como Purinas, entre outras marcas.
Integração com a agricultura
A integração da carcinicultura com a agricultura convencional já e uma realidade, pelo uso das águas de descarga dos viveiros ( rica em matéria orgânica), da rizicarcinicultura a consórcios com outros organismo como tilapia, ou outros peixes ornamentais como carpa (ou uma espécie nativa?), sempre com cuidado e orientado por um técnico.

Doenças

O Confinamento, a utilização de densidades elevadas de estocagem, a manipulação freqüente dos indivíduos e a flutuação dos parâmetros de qualidade do viveiro são alguns fatores que podem induzir ao estresse. Sob tais condições adversas, os indivíduos da população tornam-se mais susceptíveis a patogenos oportunista propiciando o surgimento de doenças. Muitas vezes uma fissura no exoesqueleto pode ser a porta de entrada para fungos, bactérias, necroses, ou ate mesmo ectoparasitas.
Por isso vale ressaltar que os camarões de água doce são de excelente resistência a doenças e parasitas, sempre dependendo do manejo ser adequado, mesmo se no caso de um tanque estar comprometido pode-se isolar o tanque afetado, usando sempre o mesmo matéria para ser feito o manejo do tanque ou desinfetado e chamar o técnico ou profissional capacitado para prestar o serviço adequado.


Bibliografia

(Kutty et al., 2000) Kutty, M.N., Herman, F., Menn, H.L., 2000. Culture of other prawn species. In: New, M.B., Valenti, W.C. (Eds.),
Freshwater Prawn Culture: the Farming of Macrobrachium rosenbergii. Blackwell, Oxford, pp. 393–410.
VALENTI, W. C.; FRANCESCHINI-VICENTINI, I. B.; PEZZATO, L. E. 2003. The
potential for Macrobrachium amazonicum culture. In: World Aquaculture 2003
Salvador, Brazil, “Realizing the potential: Responsable aquaculture for a secure future”. Salvador, Anais...p.804
MORAES-RIODADES, P. M. C. 2005. Cultivo do camarão-da-amazônia.
Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) (Crustácea, Decapoda, Palaemonidae)
em diferentes densidades: Fatores ambientais, biologia populacional e
sustentabilidade econômica. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Centro de Aqüicultura. 117p.
Moraes-Riodades, P.M.C.; Valenti, W.C. 2004. Morphotypes in male Amazon River Prawns, Macrobrachium amazonicum, Aquaculture 236 (1-4):297-307
(Daniels & D’Abramo, 1994; Daniels et al., 1995; Karplus et al., 1986 e 1987; Tidwell & D’Abramo, 2000; Tidwell et al., 2003, 2004a, 2004b e 2005) Tidwell, J.H.; Coyle, S.D.; Dasgupta, S. 2004. Effects of stocking different fractions of size
graded juvenile prawns on production and population structure during a temperaturelimited growout period. Aquaculture 231, 123-134.
(LOBÁ0 er al., 1986; ODINETZ COLLART, 1991a) LOBAO, V.L.; ROJAS, N.E.T. & VALENTI, W.C. (1986) Fecundidade e fertilidade de Macrubracbbm amazonicum (Heller, 1 862) (Crustacea, Decapoda) em laborat6rio. E. Inst. Pesca, 13(2): 15-20.
Schwartz, M. F.; Boyd, C. E., 1994b. Effluent quality during harvest of channel catfish from watershed ponds. Progressive Fish-Culturist 56, 25-32.
Boyd, C. E.; Tucker, C. S., 1998. Pond aquaculture water quality management. Kluwer academic publishers, Boston, MA. 700 pp.
Bibliografias recomendadas
Bruno de Lima Preto (2007) ESTRATÉGIAS DE POVOAMENTO E DESPESCA NO CULTIVO DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum: EFEITOS NA ESTRUTURA POPULACIONAL E NA PRODUÇÃO
Janaina Mitsue Kimpara (2007) Intensificação do cultivo de Macrobrachium amazonicum: efeito das estratégias de estocagem e despesca na água dos viveiros, efluentes e sedimentação em viveiros de crescimento final
Luciene Patrici Papa1, Irene Bastos Franceschini Vicentini2*, Karina Ribeiro1, Carlos Alberto Vicentini2 e Luiz Edivaldo Pezzato3 (2004)
Diferenciação morfotípica de machos do camarão de água doce Macrobrachium amazonicum a partir da análise do hepatopâncreas e do sistema reprodutor
Carcinicultura de camarão de água-doce,Tecnologia para produção de camarões
Editor: Wagner Cotroni Valenti, Brasilia, 1998-Ibama/Fapesp

quarta-feira, 3 de março de 2010

A aqüicultura Brasileira é sustentável por Wagner C. Valenti

Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
1-11 (www.avesui.com/anais).
1
A AQÜICULTURA BRASILEIRA É SUSTENTÁVEL?

Centro de Aqüicultura da UNESP
Depto. de Biologia Aplicada, FCAV, UNESP
14884-900 Jaboticabal SP Brasil
e-mail: valenti@caunesp.unesp.br
O conceito de sustentabilidade vem sendo amplamente discutido no âmbito
da sociedade civil e dos tomadores de decisões, mas ainda não se chegou a um
consenso sobre o seu significado exato. Assim, sustentabilidade vem sendo definida
de várias maneiras por diferentes autores e instituições. No entanto, existe
concordância em relação a alguns pontos fundamentais que não podem faltar.
Resumindo esses pontos, podemos definir sustentabilidade como o gerenciamento
dos recursos naturais, financeiros, tecnológicos e institucionais de modo a
garantir a contínua satisfação das necessidades humanas para as gerações
presentes e futuras. Observa-se que este é um conceito antropocêntrico, que
considera acima de tudo as necessidades humanas, excluindo outras formas de
vida, a menos que estas interfiram na espécie humana. Além disso, envolve
perenidade no tempo. A escala de tempo são as gerações. Portanto, um projeto não
é considerado sustentável a não ser que sobreviva às gerações humanas. Cada
geração deve herdar um estoque de recursos naturais, igual ou maior do que o
estoque herdado pela geração anterior.
Não há também consenso sobre o que seria Desenvolvimento Sustentável.
Desenvolvimento não é crescimento; este significa aumento de tamanho e aquele
refere-se à realização de um potencial. Vamos considerar desenvolvimento
sustentável como o conjunto de ações que levam a uma combinação entre o bemestar
humano e o bem-estar dos ecossistemas. Seria criar condições para viver com
conforto material, em paz com os outros seres e com os recursos disponíveis na
natureza, ou a melhoria social contínua, sem crescer além da capacidade de carga
da ecosfera (Bellen 2007). A sustentabilidade requer um padrão de vida dentro dos
limites impostos pela natureza; deve-se viver dentro da capacidade do capital
natural. Bem estar humano pode ser definido como condição na qual todos são
capazes de determinar e alcançar suas necessidades e realizar o seu potencial. A
expressão desenvolvimento sustentável tem sido utilizada pelos poderes públicos de
forma indiscriminada para validar ações e projetos que muitas vezes não trazem
bem estar humano distribuído de forma eqüitativa nem são sustentáveis.
A sustentabilidade pode ser dividida em diferentes dimensões. As mais
aceitas são a dimensão econômica, ambiental e social. Essas três dimensões são
indissociáveis e essenciais para uma atividade perene. Elas foram referidas para a
aqüicultura por Pillay no início dos anos 90 (Pillay 1992).
A aqüicultura sustentável pode ser definida como a produção lucrativa de
organismos aquáticos, mantendo uma interação harmônica duradoura com os
ecossistemas e as comunidades locais. Deve ser produtiva e lucrativa, gerando e
distribuindo renda. Deve usar racionalmente os recursos naturais sem degradar os
ecossistemas no qual se insere. Deve gerar empregos e/ou auto-empregos para a
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
1-11 (www.avesui.com/anais).
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comunidade local, elevando sua qualidade de vida e deve respeitar sua cultura. Os
impactos ambientais ou sociais negativos causados pela aqüicultura podem ser
quantificados monetariamente e incluídos nos custos de produção. Isto é chamado
externalidade de um projeto. Esses valores podem ser arrecadados pelo poder
público e reverter-se para as comunidades prejudicadas. Os projetos devem ser
concebidos de modo a garantir lucratividade, considerando todos os custos de
produção, inclusive as externalidades.
Aqüicultura responsável é um conceito diferente. Seria a produção de
organismos aquáticos de acordo com códigos de ética estabelecidos por instituições
sociais, tais como sociedades de produtores, órgãos de governo, associações de
consumidores ou outros da sociedade civil. Normalmente esses códigos de ética
visam estabelecer boas práticas de manejo de modo a reduzir o impacto ambiental,
a exploração da mão-de-obra, os prejuízos para as comunidades locais e sofrimento
dos animais. Geralmente a aqüicultura responsável é mais próxima da aqüicultura
sustentável, mas o fato de se usar boas práticas de manejo não significa que o
sistema é sustentável. Lembremos que para ser sustentável deve ser perene no
tempo, pelo menos por mais de uma geração.
A sustentabilidade econômica depende da elaboração de projetos bem
concebidos e de uma cadeia produtiva forte. Um projeto bem elaborado deve
basear-se no uso da tecnologia mais adequada para as condições locais e do
investidor e em um plano de negócio realista. Para ser forte, a cadeia produtiva
precisa ser organizada e ter todos os elos fortes. Basta um ele fraco para que toda a
cadeia seja fraca.
Um bom projeto tem estratégia de produção adequada, baseada nas
características do mercado alvo, das condições ambientais locais e das
características do empresário ou produtor. A tecnologia escolhida deve ser
adequada a essas três características e ser harmônica. A melhor tecnologia não é a
mais moderna nem a mais sofisticada, mas aquela que melhor se adequar às
condições do projeto. Deve ser harmônica, ou seja, não pode usar recursos caros
que não paguem seu custo com o aumento na produtividade que irão condicionar.
Os projetos devem ser embasados em um plano de negócios correto, envolvendo
todos os custos de produção, considerando valores realistas de produtividade e
preço de venda da produção. Não se deve esquecer de incluir nos custos a
depreciação das obras e equipamentos adquiridos com o investimento inicial nem as
perdas que normalmente ocorrem quando se trabalha com produtos altamente
perecíveis, como é o caso do pescado.
A produção deve ser entendida como um processo amplo, que envolve todo
um conjunto de elementos que se inter-relacionam formando uma rede complexa.
Esta é chamada cadeia produtiva e envolve elementos de diferentes áreas do
conhecimento. Os principais elementos da pré-produção são: o suporte técnico, a
conjuntura econômica e legal e a infra-estrutura. A produção propriamente dita
envolve os processos biológicos e zootécnicos que compreendem a reprodução, a
larvicultura (ou fase equivalente) e a produção dos organismos alvo. A pósprodução
envolve o beneficiamento do produto, embalagem, conservação,
distribuição e venda até atingir o consumidor final. Todos esses elementos são
subdivididos em diversos outros elementos. Descrições adequadas das cadeias
produtivas da aqüicultura são apresentadas em Borghetti & Ostrensky (2000),
Valenti (2002) e Valenti & Tidwell (2006). Para se obter sustentabilidade econômica,
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
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deve-se fortalecer toda a cadeia produtiva. Esta é uma ação complexa que depende
de um trabalho conjunto do setor privado e órgãos gestores governamentais.
A sustentabilidade ambiental depende do uso de tecnologia que minimize o
impacto ambiental da atividade mantendo a biodiversidade e a estrutura e
funcionamento dos ecossistemas adjacentes. Para se analisar a sustentabilidade
ambiental, deve-se considerar que é impossível produzir sem causar impacto
ambiental, que a aqüicultura depende dos ecossistemas nos quais se insere e que o
valor da biodiversidade é maior que o valor dos produtos da aqüicultura. Na verdade,
o valor da biodiversidade é maior do que o valor de qualquer outro produto
agropecuário. As forças da natureza e os processos naturais devem ser usados de
modo a contribuir para o aumento da produção. Não se deve gastar energia para
neutralizá-los, mas usá-las a favor da produção. Os sistemas de produção devem
ser concebidos em harmonia com a natureza e não contra ela.
A sustentabilidade social depende de projetos concebidos para gerar
empregos diretos e indiretos e principalmente auto-empregos, distribuir riqueza entre
a população local ao invés de concentrá-la, harmonizar o modo de produção com a
cultura local e hábitos da população, e melhorar a qualidade de vida das populações
locais.
Durante os últimos anos, um grande esforço foi feito para introduzir práticas
responsáveis na aqüicultura. Códigos de Conduta e Boas Práticas de Manejo foram
elaborados e implantados (Boyd 2003). Embora se veja muito mais retórica do que
ações concretas, atualmente a aqüicultura é mais responsável do que foi há anos
atrás. No entanto, faltam mecanismos para avaliar a sustentabilidade da aqüicultura.
A introdução dos códigos de ética na aqüicultura está mais associada à evolução do
mercado consumidor que cobra ações éticas na produção de alimentos do que
propriamente com uma preocupação dos produtores com a sustentabilidade.
A sociedade percebeu que a produção de alimentos é um processo complexo,
que afeta muitos aspectos da vida das pessoas, como o ambiente em que elas
vivem, sua saúde, sua consciência ética, entre outros. O velho paradigma “Produzir
Alimento Abundante e Barato” não é aceito por grande parte da sociedade. Além
disso, a velha política de “Produzir Muito e Barato” tem sido ruim para os produtores.
Os lucros são temporários porque a competição reduz os preços e a margem tornase
muito pequena, inviabilizando vários empreendimentos. O modelo de produção
usado atualmente na aqüicultura não atende aos anseios da sociedade e dos
produtores e aos princípios da sustentabilidade. Portanto, mudanças devem ser
implementadas. O novo desafio é o desenvolvimento de sistemas inovadores,
economicamente, ambientalmente e socialmente balanceados. Sistemas que
otimizem a eficiência de produção, a geração e a distribuição de renda e mantenham
a integridade dos ecossistemas costeiros e interiores. Devemos desenvolver
sistemas verdadeiramente sustentáveis. Portanto, novos paradigmas devem ser
introduzidos.
Alguns novos paradigmas para serem explorados em programas Pesquisa &
Desenvolvimento e no planejamento da aqüicultura são sugeridos abaixo:
1. Sistemas multiespaciais e multitróficos ao invés de sistemas de monocultivo
intensivamente arraçoados;
2. Uso dos subprodutos ao invés de descartá-los;
3. Sistemas que usam muita mão-de-obra ao invés de sistemas automatizados;
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
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4. Preocupação com o bem estar animal ao invés de simples aumento na
produtividade;
5. Aqua-turismo como fonte de renda complementar;
6. Aqüicultura Ecológica como estratégia de marketing.
O primeiro é o mais importante e precisa ser cuidadosamente analisado. A
maioria dos sistemas de aqüicultura no ocidente é baseada nos sistemas de
monocultivo intensivamente arraçoados. Esses sistemas são ecologicamente
ineficientes porque menos de 20% do material fornecido na dieta é convertido em
biomassa da espécie alvo. Isso passa despercebido porque geralmente se calcula
apenas a conversão alimentar aparente. Enquanto a dieta comercial fornecida
contém cerca de 90% de matéria seca, os organismos produzidos contém apenas
20-25%. Portanto, para uma conversão alimentar de 1,6:1, tem-se na verdade cerca
de 7:1 de conversão real. Mais de 80% de toda dieta fornecida aos animais
cultivados, que geralmente é o maior custo de produção, é transformada em
poluição ou incorporada à biota do viveiro. Portanto, isso é um grande desperdício
de recursos ambientais e de dinheiro. Este fato leva a dieta a ser o principal custo de
produção na maioria dos monocultivos. Não será possível reduzir significativamente
esse custo enquanto “jogarmos no lixo” a maior parte da dieta.
Um grande esforço de pesquisa tem sido dirigido para estudos de nutrição e
genética de organismos aquáticos, visando melhorar a eficiência das dietas
comerciais. No entanto, o potencial para redução da conversão alimentar com
melhoramento genético e com o conhecimento das necessidades nutricionais dos
organismos é pequeno e os resultados são muito demorados e caros. Por outro
lado, a inclusão de uma nova espécie no cultivo, que aproveite os resíduos
alimentares da espécie principal leva a uma dramática redução na conversão
alimentar real em biomassa produzida (somando as duas espécies) por si só.
Portanto, os sistemas multitróficos precisam receber mais atenção dos
pesquisadores. Um sistema multitrófico usado no Brasil com sucesso há longo
tempo é o policultivo de carpas em integração com suínos no Alto Vale do Itajaí, SC
(Figura 1). O sistema de monocultivo intensivamente arraçoado é claramente nãosustentável,
mas continua sendo a base das pesquisas e da produção aquícola no
ocidente. Isto porque geralmente apenas produtividade, ganho de peso e
sobrevivência do organismo cultivado são considerados na análise de resultados
dos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento. Portanto, é urgente e necessário o
estabelecimento de outros indicadores para medir a eficiência dos sistemas de
produção.
Avaliando a sustentabilidade
A grande dificuldade para avaliar a sustentabilidade é o desafio de explorar e
analisar um sistema de forma holística. É necessário contemplar todas as
dimensões e medidas de variáveis de natureza muito diferentes devem ser
comparáveis. Por outro lado, o estabelecimento de ferramentas que permitam
analisar diferentes sistemas de forma comparativa são essenciais para a tomada de
decisões em direção a um mundo viável. Assim, alguns índices e indicadores foram
propostos para avaliar a sustentabilidade de vários modos de produção e setores da
economia (Bellen 2007). Na aqüicultura, propostas para avaliar a sustentabilidade
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
1-11 (www.avesui.com/anais).
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ambiental são apresentadas por Pullin et al. (2007) e Boyd et al. (2007). Arana
(1999) apresenta uma abordagem interessante para o estudo da sustentabilidade
social. No entanto, não há nenhum consenso entre os pesquisadores e gestores
públicos nacionais e internacionais. Recentemente (2005) a União Européia deu um
grande passo ao estabelecer um conjunto de indicadores da sustentabilidade da
aqüicultura européia com o projeto “Multi-stakeholder platform for sustainable
aquaculture in Europe”. O assunto é muito novo e trabalhos de avaliação da
sustentabilidade de empreendimentos ou de processos ligados à aqüicultura são
extremamente raros. Abaixo, apresentamos uma posposta de medidas da
sustentabilidade que podem ser aplicados na aqüicultura brasileira.
Dimensões, indicadores e índices de sustentabilidade
Aqui serão consideradas três dimensões: econômica, ambiental e social. Para
cada uma delas serão definidos os elementos-chave a serem avaliados. Para cada
um será definido um indicador (ou mais de um), que são aspectos mensuráveis e
representativos de cada elemento usado para a avaliação. Eles simplificam
fenômenos mais complexos e resumem as características de um sistema em um
valor numérico.
Os indicadores de cada dimensão serão combinados para originar um
subíndice. Os três serão combinados para originar um único índice geral de
sustentabilidade. Para combinar indicadores é necessário converter todos para uma
mesma escala. Propomos o uso de uma escala de performance, com intervalos
entre padrões pré-definidos:
· insustentável (0-20);
· baixa sustentabilidade (20-40);
· média sustentabilidade (40-60);
· potencialmente sustentável (60-80);
· sustentável (80-100).
Cada intervalo representa valores atingíveis e desejáveis de cada indicador,
definidos com base em dados técnicos específicos para cada área, derivados de
pesquisa com base científica. Os indicadores serão convertidos em valores dentro
dessa escala de performance por interpolação. Um valor péssimo receberia o valor
zero e um valor excelente, mas atingível receberia o valor 100. A seguir, divide-se a
escala em partes iguais ou diferentes, conforme a natureza do indicador. Uma
performance pior que o menor valor no inicio da escala receberá o valor zero e uma
performance melhor que o maior valor receberá 100.
Na composição dos índices, os indicadores poderão ser ponderados ou não.
Mas as três dimensões terão o mesmo peso na composição do índice final. Este
índice final pode ser representado em um gráfico tridimensional com três eixos, um
para cada dimensão, de modo que se pode identificar a contribuição de cada uma e
estabelecerem-se volumes equivalentes a cada faixa acima citada. Assim, se uma
das dimensões tiver baixa sustentabilidade não será possível atingir uma área
sustentável mesmo que a média dos índices seja satisfatório.
Indicadores e índices poderão ser usados para avaliar diferentes tratamentos
em um experimento, ou comparativamente dois ou mais projetos a serem
implantados em uma região ou dois sistemas de produção de organismos aquáticos.
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
1-11 (www.avesui.com/anais).
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Para avaliar tratamentos em um experimento, os indicadores podem ser suficientes,
já que a comparação será feita entre eles. Assim, evita a definição do que é muito ou
pouco sustentável, que pode ser uma tarefa complexa. Basta então dizer “T1 é mais
sustentável que..” ou “T1 é menos sustentável que...”
1. Indicadores de sustentabilidade econômica
Devem-se usar indicadores que mostrem que os recursos financeiros são
usados com a máxima eficiência e que o projeto é capaz de gerar renda suficiente
para manter o produtor na atividade.
· Receita Líquida: corresponde ao Lucro somado ao custo de oportunidade (o
custo de oportunidade inclui: remuneração do proprietário, juros sobre capital
fixo, circulante e remuneração da terra). Se ela for negativa o projeto não tem
sustentabilidade econômica. Se ela for positiva é um indício que o projeto pode
ser sustentável. Mas isso não é suficiente. Ela deve garantir a permanência do
proprietário na atividade, tirando dela o seu sustento ou parte dele. Somando o
lucro + custos de oportunidade deve-se obter um valor suficiente para dar ao
proprietário e sua família um padrão de vida aceitável na região na qual o
empreendimento está instalado.
· Proporção do capital investido que foi gerado no próprio setor: a sustentabilidade
de cada setor da aqüicultura (ex. tilapicultura, carcinicultura etc) pode ser
avaliada pela proporção do capital investido que foi gerado no próprio setor.
Setores que crescem com capital gerado em outros setores da economia ou com
subsídios governamentais não são sustentáveis. Esta análise deve ser feita para
a própria aqüicultura brasileira como um todo.
· Tamanho mínimo do empreendimento: o tamanho mínimo do empreendimento
que garanta rentabilidade para a sobrevivência de uma família com boa
qualidade de vida. Pode-se tomar como base uma família de quatro pessoas.
Empreendimentos menores seriam mais sustentáveis.
· Renda líquida/investimento inicial: empreendimentos com investimento inicial
menor e que gerem a mesma renda líquida seriam mais sustentáveis, pois
correspondem a um uso mais adequado do recurso capital.
· Indicadores de viabilidade econômica tradicionais: Taxa Interna de Retorno (TIR),
Período de Retorno do Capital (PRC), Relação Benefício/Custo (RBC), Valor
Presente Líquido (VPL) e Lucro (L). Estes são mais indicados para
empreendimentos que envolvem investidores. Para o pequeno produtor pode ser
irrelevante o tempo que o capital retorna ou a sua rentabilidade real. O mais
importante para ele permanecer na atividade é se ele consegue sustentar sua
família dentro de um bom padrão de vida com aquele negócio.
2. Indicadores de sustentabilidade ambiental
O ambiente fornece serviços e insumos para a aqüicultura, tais como a diluição e
processamento dos efluentes e alimento para moluscos filtradores, respectivamente.
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
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Portanto, esses devem ser conservados pelo próprio interesse da atividade. A
sustentabilidade ambiental deve ser medida com base em três aspectos principais:
1. O uso de recursos naturais (quanto usa de materiais e energia para cada unidade
de produto gerado);
2. A eficiência no uso dos recursos (quanto dos recursos é incorporado na produção
e quanto é desperdiçado)
3. A produção de poluentes que podem prejudicar os ambientes receptores (quanto
polui para cada unidade de produto gerado).
Indicadores para medir o uso de recursos:
· Espaço: Quantos m2 de área usada para cada kg produzido? E=área
usada/produção
· Água: Quantos m3 para cada kg produzido? A = volume consumido/produção
· Energia: Quantos joules para cada kg produzido? E = energia
consumida/produção
· Materiais: Quantos g de determinado material para cada kg produzido M=
material aplicado/ produção
o N = massa de nitrogênio aplicada/produção
o P = massa de fósforo aplicada/produção
o Prot = massa de proteínas aplicada/produção
Deve-se atribuir um peso maior para os recursos que não são renováveis na
mesma taxa de seu uso pelo homem. Ex. fósforo, que se perde para o
oceano.
Indicadores para medir a eficiência no uso dos recursos:
· Energia: E = energia aplicada/energia recuperada na produção
· Materiais: M= materiais aplicados/mesmo material incorporado na produção
o N = massa de nitrogênio aplicada/massa de nitrogênio recuperado na
produção
o P = massa de fósforo aplicada/massa de fósforo recuperada na
produção
o Prot = massa de proteínas aplicada/massa de proteínas recuperada na
produção
Deve-se atribuir um peso maior os recursos que não são renováveis na
mesma taxa de seu uso pelo homem. Ex. fósforo.
Indicadores para medir poluentes liberados no ambiente:
· Carga de N: gramas de N liberado nos efluentes/kg pescado produzido;
· Carga de P: gramas de P liberado nos efluentes/kg pescado produzido;
· Carga de Mat Orgânica: gramas de mat. org. liberado nos efluentes/kg
pescado produzido;
· Carga de Material em Suspensão: gramas de material em suspensão liberado
nos efluentes/kg pescado produzido;
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
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· Carga de DBO5: gramas de DBO5 liberado nos efluentes/kg pescado
produzido;
· Carga de gases do efeito estufa: gramas de CO2 + CH4 (medido em eq. de
CO2) liberada para a atmosfera/kg pescado produzido.
Indicadores para medir poluentes acumulados no interior do viveiro:
· Carga de N acumulado no sedimento: gramas de N acumulado no
sedimento/kg pescado produzido;
· Carga de P acumulado no sedimento: gramas de P acumulado no
sedimento/kg pescado produzido;
· Carga de Matéria Orgânica acumulada no sedimento: gramas de matéria
orgânica acumulada no sedimento/kg pescado produzido.
3. Indicadores de sustentabilidade social
A sustentabilidade social deve ser avaliada, considerando-se a distribuição de
renda e os benefícios para as comunidades locais. Pode-se analisar a proporção
dos custos que corresponde ao pagamento do trabalho, a remuneração do trabalho
por unidade de produto (R$/kg), o número de posições de trabalho por unidade de
produto, a proporção de renda distribuída em relação à renda gerada, entre outros.
· Custo proporcional do trabalho: porcentagem do “breakeven price” que
corresponde à remuneração do trabalho. Custo da mão-de-obra (inclui
trabalho familiar)/custo de produção. Ex. Custo de produção (“breakeven
price”): R$ 64.000,00; mão-de-obra + remuneração do trabalho familiar: R$
28.500,00; proporção de mão-de-obra = (28.500,00/64.000,00)x100 = 44,5%;
· Trabalho requerido por unidade de área ocupada: homens-hora por ano/área
ocupada (ha);
· Distribuição da renda: valor pago como salários + encargos + benefícios
sociais (ex. plano de saúde da empresa)/lucro gerado;
· Remuneração do trabalho por unidade de produção: valor pago em
remuneração de mão-de-obra (inclusive do proprietário)/1000 kg de pescado
produzido;
· Trabalho requerido por unidade de produção: homens-hora por ano (inclui
proprietário, se ele trabalhar)/1000 kg de pescado produzido;
· Geração de empregos diretos: número de empregos e auto-empregos diretos
gerados/investimento realizado;
· Geração de empregos total: número de empregos e auto-empregos gerados
(diretos + indiretos)/investimento realizado;
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· Porcentagem de auto-empregos: número de auto-empregos gerados/número
total de postos de trabalho gerados;
· Uso de mão-de-obra local: número de postos de trabalho gerados que
permite recrutamento entre população local/número total de postos de
trabalho gerados;
· Fixação de renda na economia local: custos que são pagos no mercado
local/total de custos, ou seja, a proporção das compras que são feitas no
mercado local;
· Consumo local: kg de pescado vendidos no mercado local/produção total.
Esse indicador mede a melhoria na disponibilidade de alimentos para a
comunidade local.
Projetos com esses índices maiores teriam mais sustentabilidade social. Mas há
pontos importantes que não estão contemplados como a adequação da tecnologia à
cultura local.
Viabilidade social dos projetos
Um projeto seria viável socialmente se gerar renda de modo a permitir um
padrão de vida razoável para uma família, incluindo pagamento de boa escola, plano
de saúde, lazer etc. Considerando uma família de quatro pessoas como padrão, este
valor pode ser estimado. Ex. cerca de R$ 100.000,00/ano (US $ 50,000/ano).
Portanto, somando o lucro + custos de oportunidade (ou seja, a Receita Líquida)
deve-se obter esse valor por ano. Alternativamente, num primeiro momento, pode-se
considerar um projeto viável socialmente como aquele que garante um padrão de
vida compatível com o que é aceitável na região na qual o empreendimento
está/será instalado.
Esse valor pode ser usado, por exemplo, para a determinação de tamanho
mínimo de propriedade para que tenha viabilidade. Por outro lado, deve-se pensar
em estabelecer o tamanho máximo adequado para as empresas familiares.
Observa-se que ao crescer, um empreendimento geralmente não possibilita maior
renda para a família proprietária porque o dinheiro a mais movimentado é gasto em
re-investimentos, novos custos inerentes ao maior tamanho etc. A família continua
vivendo com os R$ 100.000,00/ano. Então, para que crescer?
Indicadores de ética e bem estar animal
Precisamos criar indicadores de bem estar animal. Estes podem ser incluídos
na dimensão social porque gera tranqüilidade de consciência para os proprietários e
para os consumidores quanto ao sistema de produção. Práticas inaceitáveis sob o
ponto de vista ético podem ser transformadas em um “indicador de veto”, ou seja,
que considera o sistema como insustentável porque apresenta aquela característica.
As medidas do bem estar de organismos aquáticos são ainda muito discutidas
e estão indefinidas. Vários pesquisadores e gestores ainda discutem se esses
animais sentem dor. Sugestões de indicadores são dadas abaixo:
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
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· Número de organismos mortos durante o cultivo/kg de organismos
produzidos;
· Número de animais injuriados + doentes / número total de animais
despescados;
· Fator de condição: média da razão W/Lb, sendo W massa de cada indivíduo,
L comprimento de cada individuo e b o coeficiente alométrico da relação
Peso/Comprimento.
A comunidade científica precisa pesquisar alterações morfológicas e
fisiológicas de fácil medida que reflitam as condições dos animais. Como exemplo
temos o cortisol como indicador de estresse em peixes.
A aqüicultura brasileira é sustentável?
A aqüicultura brasileira tem crescido muito, mas ainda não é uma atividade
sólida. Durante os últimos 20 anos vários projetos foram implantados e faliram.
Muitas vezes, a atividade é financiada por recursos que vêm de outros setores. As
cadeias produtivas são fracas. A maioria dos projetos não é concebida em harmonia
com o meio ambiente; áreas naturais ainda são degradadas e a atividade está
baseada em monocultivos intensivamente arraçoados de espécies exóticas. Muitos
empregos têm sido gerados, mas os salários são baixos e programas de valorização
da mão-de-obra são escassos. A maioria dos empreendimentos busca reduzir mãode-
obra e não se preocupa com as comunidades locais.
Análises adequadas e realistas da sustentabilidade da aqüicultura brasileira
ainda precisam ser feitas. No entanto, os pontos mencionados no parágrafo anterior
indicam que a aqüicultura brasileira não é sustentável. Tem se observado uma
preocupação muito maior com o crescimento do que com a sustentabilidade da
atividade. Essa política tem gerado um crescimento desordenado e irresponsável
com grandes oscilações em vários setores da aqüicultura brasileira, levando
numerosos empreendimentos à falência, trazendo prejuízos incalculáveis para
empresários, proprietários rurais e para os investimentos estatais na forma de
subsídios. Deve-se lembrar que desenvolvimento não significa crescimento, mas
realizar um potencial. Portanto, para se atingir o desenvolvimento sustentável da
aqüicultura não deve haver preocupação com o crescimento da atividade, mas sim
com o modo como ela é praticada. Análises acuradas devem ser realizadas para
avaliar a sustentabilidade de cada setor e de cada empreendimento antes de se
estabelecer incentivos governamentais ou conceder sua liberação.
Os indicadores e índices propostos neste artigo podem auxiliar investidores,
gestores e tomadores de decisão de órgãos públicos na escolha de seu investimento
e/ou na elaboração de políticas públicas. Além disso, são essenciais no trabalho de
cientistas para avaliar diferentes tratamentos em experimentos de manejo.
Desenvolver tecnologias de produção pouco sustentáveis não tem nenhuma
validade, nem atende aos anseios da sociedade que financia as pesquisas.
Implementá-las junto ao setor produtivo é desperdício. Evidentemente, que os
indicadores propostos precisam ser testados para serem aperfeiçoados de modo a
se obter um conjunto de indicadores comparáveis, que reflitam a sustentabilidade
em todas as suas dimensões.
Valenti, W. C. 2008. A aqüicultura Brasileira é sustentável? Palestra apresentada durante o IV Seminário
Internacional de Aqüicultura, Maricultura e Pesca, Aquafair 2008, Florianópolis, 13-15 de maio de 2008. p.
1-11 (www.avesui.com/anais).
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Valenti, W. C.; Poli, C.R.; Pereira, J.A.; Borghetti, J.R. (Ed.) Aqüicultura no
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Culture: Economics, Market, and Trade. Oxford, Blackwell Science. p. 263-
278.
Figura 1. Viveiros de policultivo de carpas no Alto Vale do Itajaí. (Foto de Sérgio
Tamassia)